ADITIVOS MILIONÁRIOS TRAVAM OBRA E PÕEM GESTÃO JOÃO CAMPOS NA MIRA DO MP
A gestão do prefeito João Campos (PSB) em Recife entrou no radar do Ministério Público (MP) por suspeitas de irregularidades graves em contratos de obras com aditivos que teriam elevado os valores para cerca de R$38 milhões, segundo apuração.
Embora a cifra exata varia entre reportagens, ela representa um acréscimo substancial sobre os valores iniciais previstos para os projetos.
As investigações se concentram em contratos firmados com empresas de engenharia responsáveis por serviços de manutenção em unidades escolares e de saúde da prefeitura.
Há indícios de que parte desses acordos tenha sido realizada por meio de “atas de registro de preços” de consórcios de outros estados, sem licitação local própria, o que levanta suspeitas quanto à transparência e à competitividade desses processos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as irregularidades investigadas incluem subcontratações potencialmente ilegais, pagamento duplicado por serviços e reajustes questionáveis nos contratos.
As empresas mais envolvidas são a Sinarco (de Minas Gerais), a Alca Engenharia e a Max Construções.
Um ponto que chama atenção nas apurações é que a Sinarco, apesar de firmar contratos vultosos com a prefeitura de Recife, não possui estrutura física significativa no estado, segundo o MPF.
Além disso, parte da execução dos serviços estaria sendo realizada por outras empresas por meio de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), o que para os órgãos de controle pode configurar uma forma de burlar regras ou encobrir a direção real dos contratos.
A Câmara Municipal do Recife já repercute as investigações.
Vereadores da oposição, como Eduardo Moura (NOVO) e Thiago Medina (PL), têm exigido explicações e responsabilização dos envolvidos.
Segundo esses parlamentares, há fortes indícios de favorecimento entre a gestão de João Campos e as empresas investigadas.
Por sua vez, a prefeitura de Recife se defende afirmando que todos os contratos foram realizados dentro da legalidade e que os mecanismos utilizados (incluindo a SCP) estariam em conformidade com a legislação vigente.
Em nota, a administração municipal também reforça que possui controles rígidos para evitar pagamentos indevidos.
Além disso, auditorias do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) apontaram outros problemas, superfaturamento, termos aditivos além dos limites legais e falhas na execução, como pagamento por serviços não realizados e baixa qualidade estrutural.
O caso se insere em um escopo mais amplo de apurações: segundo denúncias, contratos que somam até R$500 milhões estariam sob investigação por parte do Ministério Público e do TCE-PE, envolvendo obras de manutenção predial, de engenharia e outros investimentos estruturais da gestão de João Campos.
Diante das suspeitas, a Promotoria deve aprofundar as investigações para apurar responsabilidades e, se for o caso, definir sanções ou medidas de ressarcimento ao erário.
A mobilização da oposição na Câmara também reforça a pressão institucional para que o MP e os órgãos de controle conduzam o processo com rigor e transparência.
Da Líder do Vane Online
