Advogado critica silêncio da SDS, cita perfurações no pescoço de Yasmin e diz que se fosse filha de família rica o caso teria outro tratamento
Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (16) ao programa Rádio Vivo, da Rádio Pajeú, o advogado criminalista Cláudio Soares, que atua como assistente de acusação no caso da menina Yasmin, brutalmente assassinada no distrito de Ibitiranga, em Carnaíba, fez duras críticas à condução das investigações e à postura da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Governo de Pernambuco.
Segundo o advogado, ao falar com os radialistas, Júnior Cavalcanti e Juliana Lima dez dias após o crime, a família e a sociedade seguem sem qualquer posicionamento oficial sobre o andamento do inquérito. “Muito pouco foi divulgado até agora. A sociedade cobra respostas, e a família, principalmente, vive um desespero pela falta de informações”, afirmou.
Um dos pontos mais polêmicos da entrevista foi a denúncia de que a SDS teria “amordaçado os delegados”, impedindo que prestem esclarecimentos à imprensa sobre as investigações. “A Secretaria de Defesa Social amordaçou os delegados. Isso é uma censura absurda. Os delegados têm competência para falar, para informar a sociedade por meio da imprensa”, declarou Soares.
O advogado também descreveu um cenário de insegurança e medo em Ibitiranga, onde o crime aconteceu. Segundo ele, metade dos alunos da escola da menina deixou de frequentar as aulas, por medo e falta de informações sobre a prisão dos suspeitos. “Os pais estão assustados. A comunidade vive em pânico, sem saber se os verdadeiros culpados estão presos ou soltos”, disse.
Outro ponto levantado por Cláudio Soares foi a falta de infraestrutura e iluminação pública no local onde Yasmin vivia e foi morta. “A cena do crime é uma área totalmente escura, sem câmeras, sem postes, sem luz. Isso precisa ser cobrado das autoridades. É um descaso com aquela comunidade”, pontuou.
Soares revelou ainda que, segundo o laudo preliminar, a criança teve múltiplas perfurações no pescoço, além da suspeita de abuso sexual, o que reforça a brutalidade do crime. “Pela gravidade do que foi apresentado e pela quantidade de perfurações que ela teve, não se trata apenas de uma pessoa. Pela experiência que tenho na advocacia criminal, há indícios de que mais de uma pessoa participou desse ato brutal”, declarou.
Por fim, o advogado fez um apelo para que moradores de Ibitiranga colaborem com as investigações, assegurando que a identidade de quem prestar informações será preservada. Ele também cobrou tratamento igualitário das autoridades, comparando a falta de atenção ao caso de Yasmin com outros crimes de maior repercussão. “Se fosse uma criança de família rica, já teríamos a governadora e a SDS dando entrevistas. Queremos o mesmo tratamento, o mesmo respeito e transparência”, concluiu.
DO Júnior Campos