CORONAVÍRUS: Apesar de queda em casos e óbitos, possibilidade de novo surto de Covid no Brasil existe, dizem especialistas

Profissional de saúde guarda amostra de teste de paciente com suspeita de Covid-19 em centro de testagem no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 10 de dezembro. — Foto: Mauro Pimentel/AFP

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, há um cenário de incerteza por causa da variante ômicron, da cobertura vacinal e das medidas de saúde pública, além das festas de fim de ano.

 

O Brasil corre risco de sofrer uma nova alta nos casos de Covid-19?

Segundo os especialistas ouvidos pelo g1, apesar da melhora na quantidade de casos e mortes no país, sim.

Eles apontam que, além do risco trazido pelas festas de fim de ano, há um cenário de incerteza por causa da variante ômicron, da cobertura vacinal e das medidas de saúde pública.

Nesta reportagem, você vai entender, em 5 motivos, por que a situação da pandemia no país – e no mundo – ainda é incerta:

  1. Novas variantes
  2. Cobertura vacinal incompleta
  3. Vacinas: proteção contra infecção e doença e eventual necessidade de revacinação
  4. Medidas de saúde pública e as festas de fim de ano
  5. Tendências nos estados

1. Novas variantes

Primeira imagem da variante ômicron revela mais que o dobro de mutações que a delta — Foto: Cortesia Hospital Bambino Gesù de Roma

O surgimento da ômicron – variante identificada no fim de novembro na África do Sul, mas que já circulava antes na Europa e já foi detectada no Brasil – acrescentou mais incerteza sobre o futuro da pandemia, mesmo em países que já atingiram uma alta cobertura vacinal.

Isso porque, entre outros pontos, ainda não se sabe tudo sobre a capacidade da ômicron de driblar a proteção vacinal. Um estudo feito na própria África do Sul apontou uma queda na capacidade da vacina da Pfizer, por exemplo, de proteger contra internação em casos de Covid causados pela variante. Mesmo assim, o nível de proteção ficou em 70%.

“É esse o grande desafio, a grande questão, um certo temor de quem trabalha com isso: que surjam variantes que não obedeçam à proteção vacinal, ou seja, escapem à proteção vacinal. Ou seja, [se isso acontecer], teria que readaptar as vacinas para essa nova vertente, o que evidentemente gera muito tempo”, pondera Maurício Barreto, coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia e professor emérito da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Também há indícios de que a ômicron se transmita com mais facilidade do que as outras variantes.

“É uma variante nova ainda, pouco conhecida, mas que vem gerando ondas de preocupação nos responsáveis”, completa Maurício Barreto.

Para Jarbas Barbosa, médico e epidemiologista brasileiro diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a ômicron ainda é uma incógnita.

Nós tivemos variantes que ficaram mais contidas, como a própria variante anterior que foi identificada na África do Sul [a beta]. E tivemos variantes que se espalharam rapidamente, como a delta. A ômicron ainda é uma incógnita. Então eu diria que é cedo para fazer qualquer afirmação, otimista ou pessimista, sobre isso”, diz.

2. Cobertura vacinal incompleta

A vacinação vem avançando rapidamente no Brasil – até o dia 16 de dezembro, cerca de 66% da população estava totalmente vacinada – mas os índices ainda são desiguais e crescem com velocidades diferentes entre os estados.

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