Sem transparência e sem Forró: MPPE aponta omissão de Serra Talhada em gastos com atrações do São João

A poucos dias do início oficial do São João 2025 em Serra Talhada, a Prefeitura se vê no centro de um novo embate: gastos com atrações musicais sem a devida transparência pública, conforme recomendado pelo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

De acordo com o Painel de Transparência dos Festejos Juninos, desenvolvido pelo MPPE para acompanhar e fiscalizar os investimentos com recursos públicos nas festas juninas dos municípios, Serra Talhada só registrou, até agora, um único valor: R$ 15 mil referentes à apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, marcada para o dia 25 de junho, na Escola Municipal Manoel Pereira Lins. No entanto, apesar de constar no portal como investimento vinculado ao município, a verba não é da Prefeitura de Serra Talhada, e sim do Governo do Estado, por meio da Fundarpe — órgão estadual responsável por fomentar a cultura e o entretenimento em Pernambuco.

No entanto, a realidade é bem diferente. Das nove atrações, a Prefeitura homologou a contratação de cinco artistas por meio de inexigibilidade de licitação, com valores que ultrapassam R$ 1,07 milhão. Apesar disso, nenhuma dessas contratações foi inserida no sistema do MPPE, em descumprimento às recomendações de transparência e publicidade dos atos administrativos.

Programação gera rejeição nas redes sociais

Mesmo com nomes nacionais de peso, como Zezé Di Camargo e Zé Felipe, a programação oficial tem sido alvo de fortes críticas nas redes sociais da Prefeitura, que foi acusada de montar uma festa “sem alma” e “sem sentido”. A usuária @divania1978 comentou:

“Que programação sem sentido. Se fosse um ano político, seriam no mínimo 15 dias de festa. Mas a prefeita está guardando o dinheiro para a campanha do marido dela.”

A programação divulgada é a seguinte:

23 de junho (domingo)

Banda Fernandinha John John Jéssica & Diego

24 de junho (segunda-feira)

Zé Felipe Roberto Vaneirão Kennedy Brasil

25 de junho (terça-feira)

Zezé Di Camargo Luka Bass Henrique Brandão

Críticas internas à descaracterização da festa

Nem mesmo dentro da gestão a festa passa ilesa. O secretário executivo de Comunicação da Prefeitura, César Caike, fez um desabafo público que ganhou repercussão, alertando para o esvaziamento cultural do São João:

“O som da sanfona, que embalava noites inteiras de forró, cede espaço a estilos musicais que nada têm a ver com a nossa história. […] Os forrozeiros autênticos estão sendo colocados em horários de menor visibilidade, enquanto ritmos alheios dominam os grandes palcos.”

Ele ainda fez um apelo para que a festa recupere sua essência:

“Se não houver uma reação coletiva, o que restará para as próximas gerações será um São João sem alma, sem história e sem significado.”

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