Morre aos 84 anos o humorista e escritor Jô Soares; velório será restrito

Jô Soares em retrato tirado no dia 16 de setembro de 1971. Naquele ano, Jô estreou na TV Globo, após passagem pela Record, no programa humorístico “Faça Humor, Não Faça Guerra”.
Crédito: LUCRÉCIO JR./ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Morreu na madrugada desta sexta-feira (5), aos 84 anos, o escritor e humorista Jô Soares. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o final do mês passado, em São Paulo, segundo sua assessoria.

O enterro e velório de Jô serão reservados à família e amigos. Por conta da morte, foi decretado luto oficial por três dias na capital paulista.

O corpo do apresentador foi levado do hospital por volta de 10h45, e encaminhado para a cerimônia de despedida restrita.

O Sírio Libanês também informou que a causa da morte não será divulgada a pedido da família, que solicitou discrição, a pedido do próprio Jô.

“O paciente Jô Soares faleceu na data de hoje, 05 de agosto, às 2h20, no Sírio-Libanês. em São Paulo. Ele estava internado desde o dia 28 de julho no hospital, onde era acompanhado pelas equipes do corpo clínico da instituição”, escreveu a assessoria do humorista, em conjunto com o hospital.

Pelo Instagram, a ex-mulher de Jô, Flávia Pedras, foi uma das primeiras a se pronunciar sobre a morte. “Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados”, escreveu.

“Aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida”, disse Flávia.

Por conta da morte de Jô, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decretou luto oficial de três dias na capital paulista.

“Perdemos todos, nós brasileiros, um dos mais talentosos artistas do Brasil. Jô Soares encantou gerações no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Além disso, projetou positivamente o nome do Brasil no cenário internacional com a sua notável inteligência, cultura e o seu humor sofisticado”, escreveu o prefeito, em nota.

“Fará muita falta, é inegável, mas a sua obra permanecerá e continuará inspirando os artistas que virão. Em nome da cidade de São Paulo, meus sinceros sentimentos e minha solidariedade à família, parentes e amigos”, acrescentou Nunes.

“Nasceu querendo seduzir o mundo”

Em nota, a Rede Globo destacou que “o humor na ponta da língua, a inteligência aguçada, o raciocínio rápido e o amor pela arte” eram marcas registradas de Jô Soares.

” Chorava pelas coisas boas, nunca pela tristeza. Vaidoso, chegou a dizer que ‘já nasceu querendo seduzir o mundo’. E assim o fez, em mais de 60 anos de carreira, com personagens históricos na TV brasileira, mais de 200 personagens e 14.000 entrevistas”, acrescentou a emissora.

Nas redes sociais, amigos e fãs lamentaram.

Em entrevista à CNN, Derico Sciotti, que era saxofonista no sexteto que acompanhava Jô, disse que “perdeu outro pai”.

Políticos e outras autoridades também se pronunciaram homenageando o apresentador. Alguns presidenciáveis publicaram em suas redes manifestações pela morte de Jô.

“Meu Deus o mundo sem você… Meu amado amigo, diretor, conselheiro, vizinho que tristeza. Você sempre foi cercado de amor e sempre será assim! Vou seguir te aplaudindo e através de suas obras aprendendo com vc! Obrigada por tantas risadas, tantas conversas por todos os ensinamentos”, escreveu Galisteu.

Biografia

Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938 no Rio de Janeiro. Aos 12 anos, mudou-se com a família para a Europa, onde pensou em seguir a carreira diplomática, mas seu amor pela arte falou mais alto.

Com carreira extensa, foi humorista, apresentador de televisão, escritor, diretor e ator. Seu primeiro papel foi em “O Homem do Sputnik”, filme de Carlos manga de 1958.

Três anos mais tarde, começou a trabalhar na TV Record, onde atuou em programas como “La Reuve Chic”, “Jô Show” e “A Família Trapo”, além de escrever o “Simonetti Show”.

Em 1970, foi para a TV Globo estrelar o “Faça Humor, Não Faça a Guerra”, programa substituído pelo Satiricom em 1973. Três anos depois, como ator e redator, participou de “Planeta dos Homens” até 1981, quando começou a se dedicar ao próprio programa, “Viva o Gordo”.

Neste, viveu diversos personagens marcantes, como Reizinho, Capitão Gay e Zé da Galera. Jô trocou a Globo pelo SBT em 1987 para realizar um de seus maiores desejos: apresentar um programa de entrevistas.

O “Jô Soares Onze e Meia” foi ao ar entre 1988 e 1999, com mais de seis mil entrevistas com grandes personalidades brasileiras e internacionais. Em 2000, o humorista retornou à Globo para o icônico “Programa do Jô”, encerrado em 2016.

 

cnnbrasil

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