Servidor da CMST denuncia presidente por assédio moral e revela episódios de humilhação e intimidação: “Não suporto mais, dá vontade de chorar”

Renato Carlos da Silva, 38 anos de idade, auxiliar de serviços gerais da Câmara Municipal de Serra Talhada desde 2 de março de 2020, com 5 anos de trabalho dedicados à Casa Legislativa, procurou a nossa reportagem para denunciar o que classifica como “graves episódios de assédio moral, humilhações públicas e intimidações”, supostamente praticados pelo atual presidente da Câmara, o vereador Manoel Enfermeiro (PT).

Segundo Renato, o comportamento do presidente vem ocorrendo desde o ano passado, mas se agravou nos últimos meses, especialmente nos dias 24 e 29 de agosto de 2024. Ele relata que, à época, procurou o procurador da Câmara, Dr. Luan, relatando os fatos. “Expliquei o que estava acontecendo. Só que o Luan me aconselhou a não judicializar. Eu também não tinha provas suficientes naquele tempo”, revelou.

De acordo com Renato, o episódio mais recente e mais grave teria ocorrido no dia 4 de abril de 2025, uma sexta-feira. “Ele começou a gritar comigo, dizendo que eu não fazia nada, me chamou de porra, perguntou se eu achava que ele era otário, e partiu em minha direção, como se fosse me agredir. Aí ele recuou, mas ficou me encarando, me intimidando, me imitando. Eu tive que virar o rosto e continuar fazendo o meu trabalho.”

O servidor afirma que a perseguição e os xingamentos são constantes. “Ele me xingou com palavrões, me trata com desprezo, sempre aos gritos. Quando eu escuto a voz dele, dá vontade de chorar, as mãos começam a suar, é uma angústia. Eu tento sair de perto”, relatou, emocionado.

Renato também afirmou que não é o único servidor que sofre com o comportamento do presidente. “Tem uma funcionária lá, contratada, que não gosta nem de ver ele. Ela começa a se tremer também. Não gosta de ter contato com ele.”

A situação, segundo ele, já compromete até sua saúde emocional. “Eu não consigo dormir, fico me tremendo de imaginar que no outro dia vou ter que ir pra Câmara e lidar com ele. Tenho que engolir tudo calado, principalmente nas terças-feiras, quando estou no plenário. É muito difícil.”

Diante da situação, a reportagem entrou em contato com o advogado do servidor. O Dr. Wendel Araújo de Oliveira confirmou que está atuando na defesa de Renato Carlos da Silva e adiantou que medidas judiciais serão protocoladas após o feriado da Páscoa. Segundo ele, a defesa ingressará com:

Representação criminal junto ao Ministério Público de Pernambuco, por possível prática de abuso de autoridade e outros ilícitos; Ação cível por danos morais, visando à reparação das agressões psicológicas e violações à dignidade do servidor; Representação por ato de improbidade administrativa, por uso de servidor para fins pessoais e violação dos princípios da administração pública; Pedido de medidas protetivas e cautelares urgentes, para preservação da integridade emocional do servidor e cessação de novos abusos.

“Estamos adotando todas as providências legais necessárias para garantir que a Justiça prevaleça, com o devido respeito à Constituição, à dignidade do trabalhador e ao serviço público”, disse o advogado em nota enviada à nossa reportagem.

A nossa equipe também procurou o procurador da Câmara, Dr. Luan, que foi citado na entrevista pelo servidor, mas até o fechamento desta matéria, ele não havia respondido. O espaço segue aberto tanto para ele quanto para o presidente da Câmara, Manoel Enfermeiro.

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