Raquel Lyra inicia “degola” de aliados de Márcia e mira votos de vereadores para livrar Duque em Serra Talhada
A política de Serra Talhada ganha novos contornos com a tramitação, na Câmara de Vereadores, das contas referentes ao exercício de 2019 do ex-prefeito e atual deputado estadual Luciano Duque (SD). Aprovadas com ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), as contas agora dependem da votação dos parlamentares, e o clima nos bastidores é de tensão, movimentação intensa e reviravoltas a cada semana.
Até então, os bastidores apontam que a prefeita Márcia Conrado (PT) vinha articulando com firmeza a rejeição das contas do seu principal adversário político. Contava, para isso, com o apoio da base e de aliados estratégicos, incluindo vereadores que mantêm indicações políticas em cargos do Governo do Estado; estruturas conquistadas ainda sob o alinhamento com a governadora Raquel Lyra.
Mas tudo mudou.
Nos bastidores, a informação que circula é que a governadora começou a “degola” dos indicados ligados à prefeita Márcia Conrado. A primeira exoneração confirmada foi a de Léo, diretor do Hospital HOSPAM e aliado de primeira ordem da gestora municipal. Segundo apuração do blog, a tendência agora é de um verdadeiro “pente-fino”: nenhuma indicação de Márcia deve sobreviver no Governo do Estado.
A leitura política é clara: Raquel Lyra, agora mais próxima de Luciano Duque, com quem compõe base na Assembleia Legislativa, estaria retribuindo apoio político com espaço e caneta. O resultado? Um racha institucional que afeta diretamente a correlação de forças na Câmara.
O fator cargos pesa.
Dos 17 vereadores de Serra Talhada, boa parte mantém indicações no Governo do Estado, sob tutela da própria prefeita. Com a movimentação de Raquel Lyra, muitos desses vereadores podem começar a balançar e, consequentemente, o placar, que antes apontava para a rejeição das contas de Duque, já começa a virar.
Outro personagem central nesse tabuleiro é o vereador Romero. Em determinado momento, chegou a ensaiar voto favorável à aprovação das contas de Duque. Após conversas com o secretário de Governo, Allan Pereira, e com a própria prefeita Márcia Conrado, teria recuado. Porém, agora, com o novo cenário, tudo pode mudar mais uma vez. Romero adiantou ao blog que reassume sua cadeira para participar da votação.
Quem se manifestou, em tom tranquilo e bem-humorado, foi o vereador Rosimério de Cuca (PT). Após provocações no grupo de WhatsApp, ele respondeu com uma frase que rapidamente repercutiu: “É três sapatos: dois no pé e um na bunda”. A fala, interpretada como uma brincadeira, reflete de forma direta e realista o desconforto com o cenário político atual, marcado pelas exonerações de aliados da prefeita Márcia Conrado no Governo do Estado.
Com exonerações já iniciadas e possíveis novas baixas, o governo Márcia corre risco de perder votos fundamentais. E o que antes parecia certo ( a rejeição das contas de Duque) agora entra em xeque.
Nas palavras sempre certeiras do meu amigo Francys Maya: quem viver, verá.
Do Júnior Campos