Feminicídios cresceram 14,6% em Pernambuco durante 2021
Nem mesmo as campanhas de conscientização e o incentivo para que vítimas procurassem a polícia nos primeiros sinais de ameaça foram capazes de evitar que os números da violência contra a mulher crescessem em Pernambuco.
Em 2021, foram contabilizados 86 casos de feminicídios no Estado, segundo a secretaria de Defesa Social (SDS). Em 2020, foram 75. O aumento foi de 14,6% – uma média de uma morte violenta a cada quatro dias.
Ao mesmo tempo em que esse tipo de crime cresceu, as denúncias de violência doméstica caíram nas delegacias da Polícia Civil. O ano terminou com 40.846 queixas de mulheres – uma queda de 1,84% em relação às 41.612 denúncias registradas em 2020. A estatística demonstra a necessidade de que as vítimas procurem ajuda imediata.
Pode inidicar, ainda, a dificuldade de as mulheres conseguirem prestar queixa – tendo em vista que à noite e nos fins de semana a maioria das unidades policiais está fechada.
No Grande Recife, por exemplo, apenas a Delegacia da Mulher que fica no bairro de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana, funciona 24 horas. As outras, localizadas em Jaboatão dos Guararapes e em Paulista, têm expediente apenas de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h.
Ao total, 241 mulheres foram assassinadas em PE no ano passado. Mas nesse número estão incluídas outras motivações, como o envolvimento das vítimas em atividades criminosas, por exemplo.
Para a socióloga Edna Jatobá, coordenadora do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), entidade ligada aos direitos humanos, o aumento dos casos de feminicídios em 2021, tem relação com a pandemia da Covid-19, pois as vítimas passaram mais tempo dentro de casa com os seus agressores. “Com o isolamento social, elas tiveram mais dificuldades de acessar suas redes de apoio, como familiares e vizinhos, para pedir ajuda”, avalia.
“A gente observa, ainda, que a maioria dos assassinatos contra homens ocorre por arma de fogo. Já com as mulheres, as vítimas são mortas por pauladas, degoladas ou carbonizadas. Sempre é com o meio muito cruel. Acreditamos, inclusive, que o número de feminicídios é bem maior, mas alguns casos, como os transfeminicídios, são entram para essas estatísticas. Entre julho e agosto, por exemplo, seis mulheres trans foram mortas”, completa.
A SDS afirma que, dos 86 feminicídios ocorridos em Pernambuco no ano passado, 94,2% tiveram a autoria indicada após investigação policial, com encaminhamento ao sistema de Justiça. “Os inquéritos ainda em andamento estão dentro do prazo para finalização”, afirma a pasta.
Para ampliar o acesso das vítimas de violência à polícia, o governo do Estado promete a instalação de três novas delegacias especializadas. As unidades ficarão nos municípios de Olinda (Região Metropolitana), Palmares (Zona da Mata Sul) e Arcoverde (Sertão do Moxotó). Não há prazo definido para a inauguração. Atualmente, há 11 delegacias da Mulher. Com informações Ronda Jc