Operação que investiga desvio de 500 mil pares de luvas de hospitais públicos na pandemia da Covid-19 cumpre mandados em 4 cidades
Segunda fase da Operação Escamotagem aconteceu na manhã desta quinta-feira (29), no Recife e em São José da Coroa Grande, Paudalho e Pesqueira. Não houve prisões.
Objetos apreendidos na segunda fase da Operação Escamotagem — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Um esquema criminoso de desvio de cerca de 500 mil pares de luvas de hospitais públicos na pandemia da Covid-19 foi alvo da Operação Escamotagem II, deflagrada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (29). Nessa segunda etapa, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão domiciliar e bloqueio judicial de ativos financeiros
Segundo a Polícia Civil, o governo de Pernambuco comprava luvas descartáveis por meio da Secretaria de Saúde (SES) e servidores forjavam uma solicitação de um hospital público que precisava das luvas.
“Um motorista da própria secretaria apanhava esse material na logística e distribuía para os outros investigados. A partir daí, essas luvas eram pulverizadas no mercado”, afirmou o delegado Breno Malta, responsável por investigar o caso.
Ainda de acordo com o delegado, os alvos da segunda fase da operação foram um hospital particular do Recife e uma distribuidora de materiais médicos e hospitalares na Região Metropolitana e no interior do estado. Os nomes não foram divulgados pela polícia.
“O que a Polícia Civil investiga é o desvio dessas luvas e a aquisição sem a nota fiscal. […] O lucro que já tem a comprovação de que esse grupo criminoso teve é de cerca de R$ 370 mil”, disse o delegado.
De acordo com a Polícia Civil, são investigados os crimes de lavagem de dinheiro e peculato. Esta última prática criminosa ocorre quando há desvio ou apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa, mediante abuso de confiança.
Na segunda etapa da operação, os mandados foram cumpridos nas seguintes cidades pernambucanas:
- Recife;
- São José da Coroa Grande, na Zona da Mata;
- Paudalho, na Zona da Mata;
- Pesqueira, no Agreste.
No cumprimento dos mandados, foram apreendidos celulares, um cofre com joias, dinheiro em espécie (numa quantia não divulgada) e um veículo.
De acordo com Breno Maia, ninguém foi preso na primeira nem na segunda fase da operação porque “não há fundamento legal e jurídico para decretação dessas medidas”.
Primeira fase da operação
- As investigações começaram em 2022;
- Realizada em outubro daquele ano, a primeira fase da operação identificou a movimentação de R$ 500 mil em um esquema de desvio de 500 mil pares de luvas descartáveis;
- Entre as nove pessoas investigadas na época, estavam servidores da SES, comissionados e integrantes do quadro efetivo, além de pessoas sem relação com o serviço público;
- Um servidor público foi afastado das funções na primeira etapa da operação.