Política Ao acusar Raquel Lyra de desprezar o povo, Alice Conrado provoca crise política em ST

As declarações da vereadora Alice Conrado, vice-presidente da Câmara Municipal de Serra Talhada e mãe da prefeita Márcia Conrado (PT), ainda repercutem fortemente nos bastidores da política local e estadual. Em um tom crítico e incisivo, Alice voltou suas palavras contra o Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, atingindo diretamente o gabinete da governadora Raquel Lyra (PSD).

Em meio a outras falas já conhecidas de insatisfação com o governo estadual, a última declaração de Dona Alice foi a que mais preocupou e segue preocupando a base da prefeita. Em um relato público, a vereadora afirmou que durante uma visita da governadora a Serra Talhada, em um ato realizado no bairro da Caxixola e organizado pela própria Márcia Conrado, Raquel teria pedido que se “fechassem as portas da casa”, pois “não queria ver o povo”. A fala, considerada por muitos como explosiva, caiu como uma bomba entre os aliados mais próximos da gestão petista.

A repercussão foi imediata. O vídeo com a declaração começou a circular nos grupos ligados à Casa Civil do Governo do Estado, como forma de alertar os aliados sobre a tensão provocada. Internamente, o clima é de desconforto. Secretários de primeiro escalão e vereadores da base da prefeita ficaram atônitos. Muitos interpretaram o episódio como um tiro no pé político.

Além de reforçar as críticas já feitas anteriormente pelo vereador Gin Oliveira, a fala de Alice abriu uma nova frente de desgaste político. No vácuo deixado por essa crise, quem ganha espaço é o deputado estadual Luciano Duque (Solidariedade), principal adversário da prefeita Márcia. A leitura entre interlocutores é clara: o prestígio que Márcia tinha junto ao governo estadual está se esvaindo, e Duque avança sobre esse espaço com naturalidade.

Com a saída de Sebastião Oliveira e, claro, também de aliados da Prefeitura do Recife, o que se questiona agora entre os próprios aliados de Márcia é se a prefeita será contemplada com os cargos que ficaram vagos, diante do inevitável racha com a governadora Raquel Lyra. Há uma convicção crescente no grupo de que não apenas já perderam o controle do Hospam, como também estão prestes a perder cerca de 300 cargos que eram ocupados por pessoas ligadas à prefeita. Esses espaços, segundo fontes da base, devem ser redistribuídos entre indicações do deputado estadual Luciano Duque e do próprio Sebastião Oliveira.

Por ora, nem Márcia Conrado nem sua equipe se pronunciaram oficialmente sobre o episódio. Mas o estrago já está feito. A fala de Alice Conrado mexeu com a base, criou fissuras e acendeu um alerta no governo estadual. A pergunta que ecoa nos corredores políticos de Serra Talhada e do Recife é uma só: quem vai pagar essa conta?

Do Júnior Campos

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