Ataques de Gin à governadora isolam Márcia e fortalecem Duque no Governo do Estado

Em um discurso inflamado durante a sessão da Câmara de Vereadores de Serra Talhada nesta terça -feira (1º), o líder do governo na Casa, vereador Gin Oliveira (PSD) acusou a governadora Raquel Lyra, do mesmo partido, de ingratidão e perseguição política contra o município.

Aliado direto da prefeita Márcia Conrado (PT), Gin já vinha fazendo críticas duras à gestora estadual que se intensificaram nos últimos meses.

“Quero externar para a população de Serra Talhada o quanto a governadora Raquel Lyra é ingrata. E toda ingratidão tem um preço. Toda injustiça tem um preço. Seja mais cedo ou mais tarde”, disparou o parlamentar.

Segundo ele, o Governo do Estado tem retaliado institucionalmente o município, apesar da expressiva votação recebida no segundo turno das eleições de 2022, quando Raquel saltou de cerca de 2.600 votos no primeiro turno para mais de 26 mil, após receber o apoio da prefeita Márcia Conrado.

Entre os exemplos de perseguição citados por Gin está, segundo ele, o corte de repasses para eventos tradicionais da cidade, como a Festa de Setembro e o São João, que antes contavam com apoio financeiro estadual entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Para o vereador, a retirada desses recursos seria uma forma de retaliação.

Gin também acusou Raquel de favorecer politicamente a cidade de Arcoverde, administrada por Zeca Cavalcanti, em detrimento de Serra Talhada. “Ficou o BIESP em Arcoverde, não veio para Serra Talhada. O orçamento milionário do São João foi para lá também. E agora corre o risco da Delegacia da Mulher ser instalada primeiro lá também”, criticou.

A relação entre Márcia e Raquel, começou a se desgastar após a aproximação da governadora com o ex-prefeito e ex-deputado Luciano Duque (SD), movimento que não foi bem digerido por Márcia nem por muitos de seus aliados. A indicação de Miguel, filho de um deputado estadual, para o comando do IPA, foi vista como um gesto claro dessa nova composição política, e provocou forte reação no grupo da prefeita, que passou a adotar um tom de enfrentamento.

Faltou, no entendimento de observadores, a compreensão de que a eleição de 2026 é para o Governo do Estado e que a governadora precisava ampliar sua base de apoio. O rompimento institucional acabou abrindo ainda mais espaço para o deputado estadual. A conta chegou, e o próprio governo municipal, agora lida com o fortalecimento do seu principal adversário , que ocupa cada vez mais espaços dentro da gestão Raquel Lyra.

Nos bastidores, há relatos de setores do próprio governo municipal de que os constantes ataques da base – especialmente os de Gin – vêm comprometendo a relação institucional com o Governo do Estado. Internamente, o vereador já começa a ser enxergado como um ‘problema’ dentro da própria gestão de Márcia, diante do desgaste crescente e dos impactos administrativos provocados pela crise política.

Um dos primeiros reflexos foi sentido ontem, com a exoneração de Leonardo da direção do HOSPAM – um aliado da prefeita. A saída foi interpretada como resposta direta ao acirramento das críticas.

“Posso perder o mandato. Podem perseguir os meus. Mas tudo tem um preço. O poder é passageiro. Inclusive o do deputado [Luciano Duque] e do gestor do IPA [Miguel]”, sustentou Gin, em tom desafiador.

 

DO Júnior Campos

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