Destinos cruzados: terça decisiva, Vandinho e Duque entram na mira da ofensiva de Márcia, que está de olho em 2026

Dois personagens centrais da política de Serra Talhada voltam ao centro do tabuleiro em uma coincidência que, para muitos, tem mais de cálculo do que de acaso. Vandinho da Saúde, ex-vereador e suplente do Podemos, e Luciano Duque, deputado estadual e ex-prefeito do município, enfrentam na próxima terça-feira (08) desfechos que podem redefinir seus futuros políticos.

Vandinho é o autor da ação que levou à cassação da chapa proporcional do Solidariedade em Serra Talhada. A Justiça Eleitoral da 71ª Zona julgou procedente a denúncia de fraude na cota de gênero, exigida por lei, e anulou toda a nominata do partido, o que pode abrir caminho para o retorno de Vandinho à Câmara Municipal. O ex-vereador é hoje, o adversário mais combativo da prefeita, com uma atuação marcada pela judicialização constante da gestão petista.

Mas o foco das atenções se volta mesmo para a próxima terça-feira (08), quando a Câmara Municipal julga as contas de 2019 do então prefeito Luciano Duque. O ex-aliado que, vale lembrar, foi o responsável por escolher Márcia Conrado como sua sucessora e a conduzir à vitória em 2020, vê agora a mesma prefeita liderar uma ofensiva política para torná-lo inelegível.

Mesmo com parecer do Tribunal de Contas recomendando a aprovação das contas com ressalvas, vereadores da base governista se articulam para rejeitar as contas, numa decisão com viés abertamente político, já que tecnicamente o ex-prefeito teve o aval da Corte de Contas de Pernambuco.

Fontes dos bastidores relatam o empenho direto da prefeita Márcia para obter os votos necessários e, assim, impedir que Duque possa disputar uma eventual reeleição em 2026. O temor de uma disputa contra ele nas urnas motiva claramente a movimentação da gestora.

Márcia tem seu próprio projeto em andamento: o nome do marido, Breno Araújo, está posto como pré-candidato a deputado estadual para 2026, o que transforma Duque não apenas em adversário político, mas em obstáculo direto aos planos familiares de Conrado.

A estratégia de enfraquecê-lo eleitoralmente não é nova. Em 2024, Duque foi impedido de disputar a prefeitura; resultado de uma ação conjunta de Márcia Conrado com a então dirigente estadual do partido, Marília Arraes que, à época, negou a sigla ao ex-prefeito. Como alternativa, Duque lançou o filho, Miguel Duque, como candidato, que acabou sendo derrotado pela prefeita nas urnas.

Agora, a tentativa de torná-lo inelegível escancara o medo de enfrentá-lo nas urnas em 2026.

O mesmo vale para Vandinho. Se de um lado a cassação do Solidariedade tem fundamento jurídico, de outro, seu eventual retorno ao Legislativo significa reacender o principal foco de crítica à atual gestão. Márcia trabalhou fortemente para impedir sua reeleição em 2024 e, agora, vê a possibilidade de tê-lo de volta.

Assim, a política de Serra Talhada viverá uma manhã de definições com potencial explosivo. Enquanto Vandinho pode voltar à Câmara, Duque corre o risco de sofrer um revés que comprometa sua reeleição à Assembleia Legislativa e ambos enfrentam o mesmo algoz: a prefeita que um dia foi aliada e que hoje movimenta todas as peças para se manter soberana no jogo.

Júnior Campos

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