Sintomas leves dificultam diagnóstico de varíola dos macacos, alerta infectologista
Segundo Demétrius Montenegro, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, ‘estudo mostra que 64% das pessoas têm menos de dez lesões na pele’.
Em meio ao crescimento do número de casos de confirmados varíola dos macacos (monkeypox), em Pernambuco, um infectologista faz um alerta. Sintomas leves dificultam o diagnóstico da doença. “Um estudo mostra que 64% das pessoas têm menos de dez lesões na pele”, afirmou Demétrius Montenegro, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife.
Em Pernambuco, o boletim mais recente com dados da varíola dos macacos foi divulgado na segunda (8) pelo governo.
Nos últimos dias, o número de casos confirmados quase dobrou. Eram sete na quinta (4) e 13 na segunda (8).
Ao todo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco fez 47 registros da doença. Desse total, 33 ainda estão sob investigação e um já foi descartado.
No balanço anterior, em 4 de agosto, Pernambuco tinha 38 notificações. No dia 28 de julho, eram 19 ocorrências.
Em entrevista à TV Globo, Demétrius Montenegro afirmou que os sintomas mais comuns costumam ser febre dor de cabeça dores musculares náusea e fraqueza.
Entre o terceiro e quarto dia, surgem as lesões pelo corpo. Elas aparecem nas mãos, pés, rosto, tórax e na região genital.
O que os médicos têm percebido é que os pacientes têm febre e dores no corpo, mas a maioria apresenta poucas lesões muito parecidas com espinhas.
O problema, observou o especialista, é que os sintomas “muito leves” dificultam a suspeita e o diagnóstico.
“As pessoas pensam que quem vai estar doente vai ter o corpo todo coberto de lesões e não é bem assim. Pode ter lesões concentradas em uma área do corpo e outras espalhadas.”, afirmou.
Diante disso, o médico afirmou que é muito importante a pessoa tendo febre dor no corpo aqueles sintomas clássicos, deve procurar uma unidade de saúde e buscar um médico para ser avaliado.
Transmissão
Montenegro disse, ainda, que a varíola dos macacos pose passar com aperto de mão, “pegando nessa lesão”.
Além disso, a transmissão pode ocorrer por contato muito próximo por via respiratória e até por gotículas de saliva.
“Compartilhar objetos de pessoas que estão com essas lesões, tipo toalha, roupa ou roupa de cama, deve ser evitado”, afirmou.
O infectologista ressalta também a necessidade de cuidados com os infectados. “A pessoa deve ficar em casa, em isolamento, no quarto, justamente para não ter essa transmissão por roupas contaminadas”, acrescentou.
Perfil
Ainda segundo a SES-PE, os 13 casos confirmados são de pacientes dos seguintes municípios:
- Recife (8)
- Jaboatão dos Guararapes (2)
- Paulista (1)
- Rio de Janeiro (1)
- São Paulo (1).
Todos os doentes com casos confirmados são homens. Seis deles têm entre 20 e 29 anos. Quatro estão na faixa etária entre 30 e 39 anos. Três têm entre 40 e 49 anos.
De acordo com o estado, entre os casos que foram confirmados por testes de laboratório “todos estão em isolamento domiciliar”.
O governo de Pernambuco informou, ainda, que “não há evidências de que o estado registre a transmissão local da monkeypox”.
Além disso, afirmou que “em todos os casos confirmados, as equipes de vigilância conseguiram identificar vínculo epidemiológico entre os pacientes e pessoas que apresentaram histórico de viagem e/ou que se deslocaram para fora do estado, em locais que já confirmaram transmissão da doença”.
Os casos ainda em investigação foram notificados em pacientes que moram nas seguintes cidades:
- Recife (11)
- Limoeiro (5)
- Pesqueira (3)
- Paulista (2)
- Abreu e Lima (2)
- Araçoiaba (1)
- Camaragibe (1)
- Gameleira (1)
- Ipojuca (1)
- Jaboatão dos Guararapes (1)
- Petrolina (1)
- Olinda (1)
- Timbaúba (1)
- Inajá (1)
- São Paulo (1)
Entre os pacientes com casos suspeitos, há 26 homens e sete mulheres. Nove deles têm entre 20 e 29 anos. Outros nove estão na faixa etária entre 30 e 39 anos.
Sete casos investigados são de pessoas entre 10 e 19 anos. Entre 40 3 49 anos, há cinco registros. Entre 50 e 59, são duas ocorrências. Há, ainda, um registro em uma criança de até 5 anos.
Os casos notificados estão sendo acompanhados pelas equipes de vigilância epidemiológica municipais.
As amostras coletadas estão sendo encaminhadas para o Laboratório de Enterovírus da Fiocruz/RJ, referência para o diagnóstico da Monkeypox, e para o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE).
Doença
Em junho, a SES-PE emitiu nota técnica para os serviços de saúde das redes públicas e também privada sobre as diretrizes a serem adotadas para vigilância, acompanhamento e manejo clínico dos casos suspeitos e confirmados.
A varíola dos macacos foi declarada emergência global em saúde pela Organização Mundial em Saúde (OMS).
O primeiro caso confirmado em Pernambuco foi “importado”, envolvendo um morador de São Paulo. O homem saiu de Guarulhos para passar uma temporada no Grande Recife.
g1.pe